<font color=0093dd>Impunidade e responsáveis</font>
O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços confirmou a ocorrência de incidentes em lojas Pingo Doce, «envolvendo exclusivamente clientes e Polícia» e «presenciados por piquetes de greve», levando ao encerramento de estabelecimentos. Numa nota de imprensa, distribuída ao início da tarde de 1 de Maio, o CESP/CGTP-IN referia as lojas na Rua Carlos Mardel, em Lisboa, em Almada e na Quinta do Mocho (Loures), mas outros casos viriam a ser noticiados, ao longo do dia. Na Carlos Mardel, o piquete de greve do sindicato «não teve qualquer intervenção nem foi incomodado».
Por estes problemas, relacionados com uma campanha de descontos de 50 por cento apenas neste dia, o CESP responsabilizou: o Pingo Doce, «promotor desta iniciativa e da abertura no 1.º de Maio, vendendo produtos abaixo do preço de custo»; o Governo «que a autorizou, permitindo a abertura das lojas no 1.º de Maio»; e a ASAE, «que a não combateu como devia».
Nos dias que antecederam o 1.º de Maio, o sindicato denunciou publicamente a atitude da maior parte das cadeias da grande distribuição, que fizeram de tudo para que os seus estabelecimentos abrissem no Dia Internacional dos Trabalhadores. Desde «elogios», «festas», «prémios» e pagamento redobrado do dia, os patrões dos grupos Jerónimo Martins (Pingo Doce), Sonae (Continente) e Auchan (Jumbo e Pão de Açúcar) – apontados em comunicados sindicais – recorreram a tudo, para tentarem fazer do 1.º de Maio um dia normal de trabalho.
O CESP convocou greve para todo o dia, de modo a permitir que tivessem a falta justificada todos os que decidissem não ir trabalhar. Na Folha Sindical editada para este sector, o sindicato deixou uma pertinente pergunta: «Não será altura de pensar melhor, reflectir e interrogar-se, para onde conduzirá este caminho de mais e mais aceitação passiva ou resignada de sacrifícios, prescindindo todos os dias de usar direitos, reclamar respeito pela dignidade, para manter o emprego e o salário?»